A missão do CETS é contribuir mais eficazmente em novos processos de desenvolvimento regional

Entrevista com o Sr. Presidente do Conselho Empresarial, Emídio Monteiro

O que justifica a existência do Conselho Empresarial do Tâmega e Sousa (CETS)? Porque é que o CETS é importante?

R: O Conselho Empresarial nasceu da vontade manifestada pelas 12 Associações Empresariais da Região em constituir uma estrutura representativa, de forma a contribuir eficazmente para o desenvolvimento territorial.

Pretendemos implementar ações e projetos que visem o desenvolvimento homogéneo e sustentado, assim como o estudo, a defesa e a promoção das empresas e dos interesses socioeconómicos da Região NUT III Tâmega, mediante a cooperação e representação das respetivas estruturas associativas empresariais e organizações que o integrem. 

Neste processo todos são precisos. Defendemos que o desenvolvimento da Região só é possível com a criação de sinergias e de cooperação entre vários agentes locais e territoriais. De notar o trabalho contínuo e próximo entre empresas, municípios e ensino, cujos conhecimentos e valências distintos são vitais e complementares neste processo.

No início do mandato (2019), identificou como objetivos principais “consolidar estratégias definidas no passado, ao nível do apoio à Internacionalização, Qualificação, Empreendedorismo e Inovação das empresas; reforçar a cooperação associativa e a proximidade com o tecido empresarial; e garantir uma cooperação triangular saudável, entre entidades (empresas – poder autárquico – conhecimento científico)”. O que é que tem sido feito?

R: A estratégia do CETS passa, efetivamente, por uma aposta clara no apoio à internacionalização das empresas da Região, bem como pela formação contínua. É o caminho a seguir. Há uma busca constante para melhorar a adaptação às exigências do mercado e continuarmos empenhados em consolidar uma fórmula estratégica de atuação com foco em três eixos fundamentais: Qualificação – Inovação – Internacionalização. 

Sobre a questão da cooperação entre entidades: no ano passado, juntamente com a Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa e a Escola Superior de Tecnologia e Gestão do IPP, o CETS constituiu o ‘Gabinete Económico e Social do Tâmega e Sousa’, que coordena 5 áreas estratégicas de atuação: Economia Social; Economia de Proximidade (Comércio Tradicional, Agricultura), Capacitação Profissional; Cultura e Turismo; e Indústria. O objetivo visa criar momentos de auscultação de vários agentes do território, no sentido de criar um Plano Estratégico para o Tâmega e Sousa, nestas áreas elencadas. 

Que avaliação faz do atual quadro empresarial da Região? Existem atividades económicas que estejam a necessitar de uma atenção/intervenção extra?

R: O Tâmega e Sousa é um território heterogéneo, fortemente industrial, exportador e inovador. Possui vários dos principais setores de atividades nacionais, fortemente exportadores, como a Fileira da Moda (calçado, têxtil e vestuário), o Mobiliário, a Metalomecânica, a Construção e Materiais (onde se destaca a extração da pedra). E é de salientar também o grande peso que o Agroalimentar, nomeadamente o setor do Vinho Verde, tem assumido.

O compromisso conjunto de apoiar o crescimento económico tem de ser uma aposta contínua. A Região deve continuar a apoiar o Empreendedorismo, a Inovação e a Digitalização dos processos, o acesso a uma rede de serviços e acessibilidades cada vez mais descomplicada e adaptada às reais necessidades.

As empresas e os novos projetos devem ser continuamente apoiados, em prol de mais e melhor emprego, maior sustentabilidade dos negócios e fixação da população neste território.

Tendo em conta o contexto pandémico, deve ser dada especial atenção – com medidas de apoio ao emprego e à economia aos setores estratégicos da Região. A título de exemplo, menciono o Turismo (que reúne o grupo da restauração, alojamentos locais/hotéis e cafés) e a Fileira da Moda: Calçado, Têxtil e Vestuário. 

No Turismo o impacto da pandemia tem sido evidente. A tendência de queda das exportações de calçado – já sentida em 2019 foi acentuada pela pandemia. As exportações de calçado português caíram 22% entre 2016 e 2020. Já no setor do têxtil e vestuário, as exportações registaram uma quebra de quase 30% (em 2020). 

Quais são os principais problemas/dificuldades que os empresários da Região têm sentido?

R: No contexto geral existem dificuldades que já são bem conhecidas e ainda persistem, como as acessibilidades, sobretudo quando falamos no Baixo-Tâmega, e também os custos energéticos, que assumem ainda uma parte substancial da estrutura de custos das nossas empresas, o que em setores fortemente exportadores não deixa de ser um obstáculo.

Além disso, é impossível não mencionar os impactos da crise pandémica que atravessamos. Eles são inegáveis e prejudicam o desenvolvimento das atividades empresariais e a sustentabilidade dos negócios. 

Temos empresas que estão fortemente dependentes dos mercados de exportação e a recuperação económica dos países que tradicionalmente recebem os produtos é uma preocupação enorme.

Uma nota também sobre o comércio de proximidade, serviços e restauração

Na Região assistimos a algumas incongruências na execução do plano de desconfinamento iniciado em março de 2021, reportadas pelas empresas. É o caso da proibição do funcionamento das pequenas lojas localizadas dentro de centros comerciais locais, exceto barbearias e cabeleireiros. A não retoma destes pequenos comerciantes (a partir de 15 de março) foi interdita apenas por não se tratar de lojas com porta para a rua. As lojas de rua acabaram por abrir nessa mesma data. 

Com a abertura gradual dos negócios, apelamos ao cumprimento contínuo de todas as normas sanitárias, com especial cuidado na introdução de esplanadas na área da restauração que garantam a aplicação dessas normas/recomendações e que também estejam em conformidade com as autorizações municipais para utilização do espaço público. Todos somos chamados a fazer parte do combate à pandemia, quer enquanto empresários, quer enquanto utilizadores e membros da comunidade. 

No início deste ano, o Conselho Empresarial apelou ao Governo à celeridade na aplicação e execução das medidas de apoio às empresas.  Enviou também um pedido de apoio à Confederação do Comércio e Serviços de Portugal através de uma carta conjunta, com outras entidades empresariais. Pode falar-nos sobre estes apelos?

A situação atual exige uma atenção redobrada em termos de política de apoio por parte do Governo às empresas. É fundamental garantir um acesso alargado e simplificado aos apoios e que eles cheguem às empresas com maior rapidez, a fim de promover a sustentabilidade dos negócios e empregos. E a nossa função enquanto associação passa também por fazer ouvir os empresários junto dos decisores políticos. 

Na carta enviada à Confederação do Comércio e Serviços de Portugal também foi solicitada intervenção junto do Governo porque além das empresas também as Associações Empresariais precisam de apoios concretos.

Ao nível das Associações Empresariais é vital que as medidas também sejam direcionadas para a área associativa, pelo seu papel relevante na articulação e execução das políticas públicas de apoio à dinamização económica e à qualificação de pessoas e empresas.